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A vida do Jobim


O Jobim é a estrela da companhia cá de casa, tem 2 anos e é acima de tudo uma personagem e tanto.
Conhecemos, eu e o meu namorado, este cidadão quando ele ainda cabia na palma da nossa mão, pesava menos de 300 gramas e era habitação permanente de inúmeras famílias de pulgas  e moscas, meio amarelo meio castanho terra.
Apareceu no jardim da casa dos meus pais, em Setembro de 2009, cheio de frio molhado e com um olho que parecia tudo menos um olho, estava muito aumentado, projectado e de cor uniforme, a ranhoca era continua naquele nariz ou do que dele se conseguia ver, claramente era um bebé a precisar de salvação. Já tinha ido ao veterinário e estava a antibiótico. As palavras que me saíram da boca foram - "Ohh que miserável ! ! ".
Mas uma vez que não havia tempo para tomarem conta dele, como os tratamentos iam exigir, veio comigo para Lisboa, no dia da viagem acordei às 6, dei-lhe uma banhoca, com o que estava à mão que era sabão, sequei-o até ficar mesmo sequinho e enrolei a pequena criatura numa camisola de lã e coloquei-o numa caixa de sapatos (obviamente sem tampa), lembro-me de pensar secalhar não irás sobreviver, mas eu vou não vou deixar de tentar.
Durante a viagem não fez um único som e dormiu a sono solto durante a hora e meia de viagem, de vez em quando, levantava a camisola para me certificar que aquele tórax se mexia, em sinal de vida. Depois de chegarmos a casa a dormir continuou e assim permaneceu por umas 8 horas, para susto da então mãe adoptiva que lá se ia certificando de que ele ainda respirava. Foi-se comprar tudo o que o bebé precisava o leite de substituição de marca xpto, o caixote e a sílica, coisa que só iria usar mais tarde e que levou muito tempo a atinar com o famoso caixote.
Viveu durantes uns dias dentro da sua suite com marca de sapatos e o casaco de lã, fralda também tinha era o papel higiénico por forma a manter a suite limpa, para terem uma ideia as fezes deles tinham o cheiro do antibiótico que tomava na altura e sempre que se tentava coçar - pulgas, caia para o lado porque não tinha forças para nada, para um gatinho tão pequeno nem sempre é fácil acabar com as pulgas sem por em causa a saúde do gato, de forma que eram nano doses de tudo.
Mas a evolução do seu estado não era muito evidente, voltou ao veterinário e mudou-se a medicação, lembro-me da doutora "Ora bem temos 300 gramas de gato das quais muitas são de pulgas".  A  fome era uma constante e de duas em duas horas lá estava a mãe ou o pai gato a tratar do pequeno ser, que nunca miou. Até ao dia em que ouvimos miar mas de forma desesperada, mas era mesmo desesperada, lá fui ver então a bolinha amarela estava num canto da caixa, horrorizado a olhar para o outro canto da caixa  onde tinha deixado o seu cocó - pensei - melhor estás isso é certo e limpei a fonte do horror.
O caminho para o nosso amigo ficar saudável ainda era longo, a coriza era a fonte dos seus problemas, muito comum nos bebés de rua, com o antibiótico melhorou a parte pulmonar e as ranhocas, que devo ter limpo umas infinitas vezes, com o truque da doutora, soro fisiológico na narina e depois limpar tudo o que sai, funcionou muito bem e ele assim sempre respirava melhor. Quanto à sua respiração o som que ele produzia a dormir era assustadoramente alto para o tamanho dele. A próxima meta era o olho e aí procuramos um especialista em oftalmologia, que nos salvou o nosso amigo, assim como nos avisou inicialmente que o prognóstico era reservado porque a situação era muito grave. Com tratamento de topo e durante longos meses a por várias gotas 3 vezes ao dia, mais acompanhamentos em consultas a que agradeço ao amigo que nos levou lá de carro várias vezes, o senhor Jobim ficou cego do olho esquerdo mas VIVO e isso foi o melhor do mundo nesta longa história de luta, desesperos e dois pais adoptivos loucos de cansaço, mas bem sucedidos.

Durante muito tempo não teve nome porque sabíamos que ele poderia não sobreviver, depois quando se soube que iria ficar cego daquele olho, toda a gente lhe queria chamar de Camões, ora nunca quis, mas havia uma coisa no gato que me fazia querer arranjar um nome que fosse de encontro ao modo de ser do senhor em questão, é refilão e miador, muito miador, se quer subir para cima da cama e não consegue mia, quer bombons mia, viu pombo mia, daí ter ficado com nome de músico - Jobim, também conhecido hoje por Bimbim ou Quimquim :)
Hoje é um gato de personalidade forte que continua a miar, por tudo e por nada e que tem um longo club de fãs, dada a sua atitude descontraída face a qualquer pessoa que nos visite em casa, mesmo que seja a vizinha de cima que quando nos visita traz o seu gato, coisa que poderia correr mal mas corre as maravilhas, depois conto.



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